sábado, fevereiro 12, 2011

De Olhos Vendados

Por; Ítalo Leonardo do Amaral Moreira
12-02-2011

Há dias permaneço inerte aqui nesta janela a olhar a porta por onde você saia e a leve ladeira pela qual descia para tomar o ônibus da faculdade. Três meses fazem desde a última vez; a impressão que tenho é que o tempo parou, parou naquele justo segundo que precede o abrir de tua porta.

O mesmo olhar luzidio, a mesma esperança, o coração a disparar da mesma forma, os mesmos aromas, as mãos a suar da mesma maneira, mudando apenas as estações do ano...

Mas no fundo, no fundo, bem no fundo sei que não voltarás a sair por essa porta. Tudo por crer na inércia do tempo e não perceber seu galopar!

Não fui capaz de te olhar nos olhos. Sempre tremi só em pensar! Afinal, sempre fomos tão felizes! Aproximar-me de ti naquela porta poderia por o nosso romance em risco e eu não iria arriscar de forma alguma perder você.

Não fui capaz de te olhar nos olhos e te apresentar o nosso mundo, tão belo mundo, que eu havia construído, cheio de mimos para nós dois. E hoje sofro, sem perceber que sofro; sofro, sem saber que sofro; sofro, a cada dia que te espero sair por aquela porta que não mais se abrirá.

Então finjo que te vi sair, finjo que te dei um beijo de bom dia e te abracei como só os apaixonados podem se abraçar. E a nossa vida segue, dia após dia, vivendo esse equilíbrio “fake” que criei para não descarnar minha alma e não me ver covarde que fui e continuo sendo. E assim, ainda que esteja só, não se sinto só no mundo que criei para nós dois, só nós dois e mais ninguém.

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